sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Sofrimento Criativo

Todo mundo já teve uma aula ruim, daquelas que a gente quer sair de fininho, mas por respeito ao professor ["ele tem vários pontos a mais no currículo... essa aula deve servir pra alguma coisa!"] você prefere se sacrificar e ficar. O aluno se vê nessas situações que a vida nos enfia - com trocadilho, por favor - e se ferra mesmo: se fica, dorme; se sai, se sente mal por ter fugido do professor.

Qualquer professor saca que a aula é um porre. Alguns dão logo um jeito de pendurar uma melancia no pescoço e puxar a atenção da turma, mudando a forma de abordar o assunto ou criando questionamentos, mas outros continuam no mesmo canto fúnebre, mesmo tom de voz [fazendo você dormir como um bebê quando ouve canção de ninar, só faltando aquele colinho gostoso da mamãe] e, vira e mexe, exclamam "eu sei que esse assunto é muito chato, num falei pra vocês?" -
Nem precisava falar... não é que descobri sozinha? :S

É aí que entra a história de hoje.
Na pós-graduação que faço, aprendi uma coisa interessante sobre trabalho: o sofrimento psíquico no trabalho gera... trabalho. Quem disso isso foi Dejours, um cara observador. Vejamos o que ele sacou, nos fazendo representar pelo Zé:
Curtos prazos, pressão, muitas atribuições, hierarquia, etc fazem as empresas atingirem as metas estabelecidas... Se o Zé não fosse obrigado a trabalhar, iria trabalhar? Se o relatório não fosse pra amanhã, estaria fazendo-o hoje de madrugada? Claro que não!

Nosso Zé, então, poderia responder a essa pressão de algumas maneiras...
Sofrimento Patogênico: Zé estressado, agressivo, entra em depressão ou coisa pior, por não suportar mais essa porcaria de trabalho.
Ou Sofrimento Criativo: Zé puto com a pressão do trabalho faz disso um motivo para criar soluções. Assim, ele executa tudo de forma mais eficaz e rápida, pra dar tempo de cantar aquela gostosona da recepção antes do almoço.

Mas o que isso tudo tem a ver com a aula ruim?


Bom, agora traga esse sofrimento pra aula... a disciplina não é obrigatória? Você não pagou pela aula? Gerou um sofrimento, ainda que diferente daquele do trabalho.
Dessa forma, você tem várias maneiras de reagir. A maioria aproveita o tom de voz do professor e tira aquele cochilo gostoso. Outros aproveitam pra contar novidades [Sigfreda, acredita que minha unha encravou de novo?]; usam o celular escondido[Querido, faz um favor? Marca a escova pra daqui a uma semana?] ou conversam pelo papel [Ei, quer tc? Pode ser, essa aula ta um saco...], entre outros.

Então, a partir daí desenvolvi outras formas. Você tapeia sua consciência permanecendo na aula e canaliza esse momento de ócio [já que você não escuta nada que o professor está dizendo mesmo] em algo produtivo! Ou seja, sofrimento criativo!

1 – Faço perguntas básicas: Além de passar o tempo e estimular a capacidade de explicar do professor, de quebra você ainda impede que aquele seu colega desprovido de cérebro faça aqueles comentários típicos de criancinha do fundamental.



2 - Escrevo algo: Transcreva cada palavra do professor [quem sabe depois, no papel, você acha interessante o que o coitado estava tentando dizer]. Não se preocupe em entender, só transcreva; também pode escrever um texto; uma tarefa na sua agenda ou um poeminha sobre alguma coisa. O importante é escrever algo legal... e, principalmente, sorrindo e fazendo movimentos bem característicos de quem está amando estar ali. rsrs
Fica a dica!



Aula de Hoje

Começou a aula da Fulana
Mas o tempo fica parado
Dá preguiça de assistir
Ainda mais com esse tempinho nublado

Fico aqui vendo técnicas de reuniões
Mas queria muuuito longe estar
Ô soninho que não dá pra esconder
Faz essa hora passar?

Permaneço de corpo presente
E um sonho me ocupa a mente agora
Nele não vejo professora nenhuma
Só eu no ônibus, indo embora!

Finalmente, uso a metodologia científica
Para o que parece impossível
Ficar sem dormir na cadeira
Enquanto traço meu plano de fuga infalível!



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